quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mais um dia daqueles

O sol infernal brilhava lá fora, como a sorrir de uma felicidade desconhecida. Seus raios fulmegantes ferviam as calçadas pintadas de branco, parecia ser proposital, para cegar os olhos de qualquer transeunte.
Um semáforo, dois carros, depois três e, assim, uns milisegundos parado dando a impressão de um constante atraso.
Tinha raiva de dias como esse. Ah! Se tinha!
Caminhar por quarenta minutos todos os dias, fazendo o mesmo trajeto e sem pausa para uma sombra... Que Deus quisesse que fosse rico, e que os pés lhe fossem rodas, subtraindo, dessa forma, todo o tempo perdido naquela fatigada caminhada.
Sorriu de si mesmo, já estava habituado perder-se em fúteis pensamentos.
Uma leve brisa acariciou-lhe a face. Seria esse um motivo para agradecer? Mas a quem agradeceria? A Deus, que por incrível que pareça, era o foco do agradecimento humano, por mais miserável que fosse a vida? Não, bastava afirmar sua existência, mas agradecer?
Tinha gratidão por sua família, sim, que o tornara uma pessoa consciente e responsável. Que deuses e que santos ficassem pra trás, a vida corre, não há tempo a perder com isso.
O agudo da buzina lhe fez despertar do breve momento nostálgico, melhor parar com ideias tolas, pensou.
Parou na frente de um velho estabelecimento, olhou para o relógio. No horário, como sempre.
Era só mais um dia daqueles...