terça-feira, 31 de agosto de 2010

Amizades?

Amizades são coisas tão confusas e banais que chego a pensar que às vezes não vale a pena ter amizade alguma...
Talvez isso aconteça porque eu sou um pouco autoritária e não aceito a opinião de ninguém...
Tenho convivido com as mesmas pessoas nestes quatro anos. Não são exatamente as mesmas que eu conheci, já que a cada dia que passa somos pessoas diferentes... Mas possuem o mesmo nome, sexo, possíveis valores e crenças. E no entanto, essas mesmas pessoas não me conhecem do jeito que eu realmente sou, não sabem das coisas que eu gosto, das coisas que eu não gosto e das coisas em que eu acredito... e creio eu que nem interesse em saber elas tem...
Não falo dessas coisas, pois falar sobre isso é perda de tempo. Sinto que é, embora não seja... Sinto, pois a cada vez que tento falar algo de mim, alguém se sobrepõe e ignora tudo o que disse.
As pessoas só dão importância a você quando você realmente aparenta problemas, está com cara de choro, ou algo do gênero... Mas saber de coisas tão banais como o que gosto e o que não gosta, são informações que não fazem diferenças nessas "amizades"...
É como se tudo o que você fala e/ou expressa não fizesse nenhum sentido para a vida destes "amigos".
Talvez seja pedir demais.
Você ouve, escuta, todo o tipo de fala... piadas, fofocas, reclamações, críticas. Mas quando você tenta falar, é com ignorância ou reprimendas que te respondem.
Ouvir reclamações e críticas o tempo todo, você deve ouvir. Mas reclamar e criticar não compete a você... compete aos seus queridos "amigos"... tentar criticar algo ou alguém é injusto, você não deve fazer isso...
E quando todo mundo resolve sair, mas simplesmente esquecem de você... Esquecem ou te ignoram?
Como é ver fotos em que todo mundo sai junto menos você? Seus amigos já pararam para pensar como é se sentir de fora? Seus amigos já pararam para refletir o quanto fazem questão de mostrar esse "esquecimento"?

Para se enquadrar num grupo, fazer parte de um círculo social, ser incluído numa roda de amigos é necessário seguir um padrão de comportamentos e crenças, ou senão fingir que acredita em coisas que os outros acreditam... só pra não ficar de fora!
Só pra não ser o esquisito!
Só pra não ser o excluído!
É preciso ser como os outros... se ignorar...

Por isso, simplesmente eu acredito que amizades sejam coisas inúteis e banais.
As relações que a gente vive na sociedade não podem ser chamadas de amizades, e sim de contratos de sociedade... a gente convive bem, fingindo o que não é e o que não acredita.
E tais contratos tem prazo de término!

L. Inafuko ;}
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Mais devaneios: http://terrorismosuicida.wordpress.com/tag/padrao/

sábado, 28 de agosto de 2010

Não me deixe

E foi difícil que pudesse enxergar a verdade. Nunca pensou que fosse doer tanto, apenas fingia não se importar. Mas era triste... tão desolador que só tinha vontade de chorar e se esconder do mundo.
Os sentimentos eram armas fatais. Deturpou o amor em ódio e a falsidade tornou-se solidão. Sua total dependência resumia sua vunerabilidade.
Não era tão forte quanto parecia, talvez nem quisesse aparentar. Era só uma questão de princípios. Os princípios que a fizeram ser assim, medíocre e orgulhosa demais para aceitar que vivera seus 17 anos em completa solidão.
Mas ninguém poderia dizer que estava sozinha demais para ser vencida. E as amizades que cultivara? E todas aquelas ocasiões em que os risos se transformavam na mais completa felicidade? Não... a solidão não era aceitável.
Tentou lembrar-se dos motivos que a fizeram "ídola". Era bela? Não antes, talvez agora o fosse. Era simpática? Era admirável? Não... sua própria consciência a respondia.
Tudo o que fora se resumia a uma única palavra: desprezível.
Era o senso comum, era o que todos queriam que fosse. Mas não era a única que se sentia assim. Era só mais uma, naquela multidão de descontentes. Era simples e vazia.

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obs.: mais uma de minha avaliações sobre comportamentos alheios :x

sábado, 14 de agosto de 2010

Lembranças de uma janela

Um pequeno brilho no horizonte marca o começo de um novo dia.
Pouco a pouco, uma imensidão de claridade vai cobrindo todo o quarto branco, "Mais um dia..." pensou. Não sabia se deveria ficar feliz ou cair em profunda tristeza, ainda tinha o dia todo pela frente mas já imaginava o anoitecer, o brilho da Lua, as estrelas. "Não irá demorar muito para chegar." disse para si mesmo, enquanto se levantava da cama.
Um esforço extra para se locomover até o banheiro.
Sua cara estava pálida, mas já acostumara com sua fisionomia que o acompanhava há algum tempo. O banho de água fria em seu rosto o animava, trazia boas recordações.
Uma mulher chama seu nome.
Ele se vira e vê um par de olhos delicados e ternos. Envelhecida pelas rugas, já não possuía aquele físico vigoroso de anos atrás, cansada talvez mais pela árdua rotina do que pelas próprias rugas. Trazia consigo uma pequena bolsa branca já muito conhecida no quarto. "Está na hora." falou.
Trocou de roupas e andou sala à fora, mas antes deu uma pequena olhada através da suja janela, "Quando eu voltar, eu limpo essa janela." fora sempre o mesmo pensamento desde que chegou pela primeira vez, mas... nunca estive suja.
Nunca imaginei um garoto tão forte... Fora a última vez que o vi após longos 13 meses.
O quarto, agora vazio, absorvia a luz do luar.
A janela teve muitos telespectadores. Todos um dia saíram e nunca mais voltaram, não foi diferente e nunca será. Assim foi para o senhor de 70 anos, para a velha de 85, para o jovem de 27, e assim também foi para o garoto de 8 anos que havia morado por 13 meses naquele quarto. Apenas a janela ainda persiste. O único contato de seus prisioneiros com o mundo externo, logo terá mais um telespectador.

-- RHN --