quinta-feira, 23 de junho de 2011

No meio do caminho

Aquela pedra no caminho sempre me fazia lembrar coisas das quais quisera eu esquecer. Meticulosamente, ela se instalava em meus pensamentos cotidianos sobre meus pequenos problemas pessoais.
Talvez pedra, por lembrar peso. Talvez pedra, por parecer obstáculo. Talvez pedra, por ser uma matéria-prima. Matéria-prima? Sim, a tosca pedra que se "fazia fazer" deuses, imagens, estátuas, enfim. A mesma pedra que acompanharia o solitário Bidu, em sua trajetória de vida: Drª. Rocha, psicóloga PHD.
Mas afinal, rocha é pedra. E pedra é só uma "coisa" que a natureza resolveu "colocar" sobre a calçada, atrapalhando minha passagem rumo à vida.
Mas caso a pedra resolva me comunicar o que é que tanto a aflige, estarei disposta a ouvi-la. Trocaremos os papéis: a pedra será o Bidu e eu serei a pedra.
Só me resta esperar.


    No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra (pequena, insignificante)
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

 Carlos Drummond de Andrade

Conto descontente

Acordei cansado e vazio. Parecia-me que o 2012, enfim, havia se pronunciado sob minha sombra taciturna. Tantos planos, tantos sonhos. E quantos, afinal, havia conquistado?
Só o que me restava era o silêncio aterrador da vida, que criei em torno de ilusões. Quem seria o mártir de meus vis pensamentos? Quem, o carrasco de meus pesadelos?
A parede fria, parecia ter mais vida que meu próprio eu. Quantos segredos ela guardava? Quantas frustrações ela me assistia?
Talvez eu estivesse louco...