Dois dias. Era o prazo final.
Só dois dias, e o prêmio era prêmio, mas embutido nele vinha uma espécie de humilhação. Que outros dissessem ser ingratidão. Pois que fosse!
Já não bastava afirmar ao mundo sua miséria? Era pobre sim, mas seu "prêmio" não era um desperdício. Esse mérito fora adquirido com muito esforço, e principalmente pra ela, o preço foi seu orgulho.
Tudo sempre tivera de ser feito com suas próprias mãos. Não havia um jeito fácil. Era difícil, humilhante e desesperador. Era quase um caça ao tesouro, exceto que a recompensa vinha sempre com uma pequena e incômoda carga de desprezo.
Um dia e vinte e uma horas. Era o prazo final.