quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Detalhes à parte

Levantou os olhos para o manto do céu. As estrelas brilhavam timidamente, mas de pouco lhe importava. A brisa leve tocava-lhe o corpo quase que com um medo contido, quase com receio de ferir-lhe o corpo, ou mais, a alma.

domingo, 19 de agosto de 2012

O pouco que sobrou

Sorriu deliciada de prazer. Era sua sombra quem lhe dizia que a perdição era só o começo.
E foram tantas noites de desespero, tantas lágrimas desperdiçadas, pra quê?
Soltou uma gargalhada atônita. Estava louca, era louca. Tinha desistido ou tinha começado a viver?
Embriagou-se com a própria risada. Sentia que nunca estivera tão bem quanto àquele momento. Talvez por isso ria, de uma forma um tanto quanto desesperada, mas ria.
A dúvida ainda pairava, mas também, de que adiantava tanta precaução?
Pensou: "foda-se", disse: "foda-se", e riu mais alto, porque nunca tinha agido dessa forma 'repugnante' aos seus próprios princípios. Tão cheia de si e tão cheia de drama. Ridícula.
Jurava que sabia que sua própria loucura era consequência de uma mudança. E soava patética ao repetir à si mesma que o silêncio lhe faria bem.
Sorriu porque se deu conta de que sua necessidade ao mundo era carnal. Sorriu porque sabia que julgar-se vítima era ridículo se podia aproveitar-se de tudo que lhe viesse para o bem ou mal.
Riu porque agora o vazio lhe fazia bem. Riu porque usou e foi usada, sempre e sempre. E riu porque não havia mais nada a se perder, do pouco que sobrou...

sábado, 11 de agosto de 2012

Baú

Dentro e fora do baú só havia poeira acumulada.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Areia, pedra, barro

Construída em um monte de areia, feita de pedra, grande e imponente. Esse era o retrato daquela imagem imaginária. Era como ela própria se via.
Era feita de pedra, mas por dentro só havia um enorme espaço vazio. Com qual finalidade aquilo serviria? Era pra esconder do mundo as coisas obscuras que se passavam por dentro daquela fortaleza de mármore, ou era simplesmente um reflexo de sua ausência de alma?
Construída em mármore, mas sobre a areia instável. Grande e imponente, de maneira que a queda fosse muito mais dolorosa que sua construção.
O que era aquilo? Uma estátua ou um humano?
Estava caindo, sentia-se cair. O tempo não perdoava cada momento de angústia que a ausência de seu coração causava, passava-lhe em câmera lenta, como a rir da desgraça de pedra.
Grande e imponente por fora, ou eram só os seus olhos que assim enxergavam?
Tão grande era o seu ego... tão fraca era si mesma...
Era feita de pedra, mas sobre a areia instável derreteu-se e tornou-se barro.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Seus olhos descreviam um vazio interno, eterno. Eram só seus olhos ou seu corpo também refletia seu silêncio?

sábado, 7 de julho de 2012

Termo de concessão de bolsa

Dois dias. Era o prazo final.
Só dois dias, e o prêmio era prêmio, mas embutido nele vinha uma espécie de humilhação. Que outros dissessem ser ingratidão. Pois que  fosse!
Já não bastava afirmar ao mundo sua miséria? Era pobre sim, mas seu "prêmio" não era um desperdício. Esse mérito fora adquirido com muito esforço, e principalmente pra ela, o preço foi seu orgulho.
Tudo sempre tivera de ser feito com suas próprias mãos. Não havia um jeito fácil. Era difícil, humilhante e desesperador. Era quase um caça ao tesouro, exceto que a recompensa vinha sempre com uma pequena e incômoda carga de desprezo.
Um dia e vinte e uma horas. Era o prazo final.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Fragmentos de um ser sem coração

Eu guardei meu coração num cofre e tentei viver minha vida. Quando dei por mim continuava sozinha, mas a dor era muito menor.
Certo dia alguém encontrou as chaves desse cofre, abriu-o sorrateiramente e levou meu coração para algum lugar. Talvez fosse melhor se o tivesse destruído, pois a dor voltou e tornou-se permanente.
Eu não sei onde ele está, pode ser que esteja morrendo. Se for assim será melhor...

---

O instinto me fez tentar reparar os estragos feitos de uma vida sem coração. Ele errou. Disse-me que tudo ficaria bem se eu amasse incondicionalmente, e eu amei, mas não incondicionalmente porque sou humana.
E no começo a dor passou, e foi bom. Mas o fim da história é imutável, e ela voltou e trouxe consigo a solidão. Pensei ter sido erro meu, talvez outra tentativa compensaria, talvez eu não tivesse amado o suficiente. Ledo engano... boa tentativa!

---

E se o tempo curasse a solidão? E se ela mesma lhe fosse uma dádiva? Seria um erro desperdiçá-la.
Viver do silêncio, torná-lo seu único amigo. E o pior era ninguém se importar. Mas por que isso era tão importante? Por que ser importante para alguém era tão importante? Por que ser humana era tão humanamente horrível?
Maldito coração que sumiu e se perdeu nesse maldito mundo. Maldito apreço e malditos sentimentos que lhe fizeram sentir falta de ter um coração.

Além do que os olhos vêem

Olhou para o chão como a procurar um ponto de foco para seus pensamentos abstratos. Quisera distanciar-se de toda a mediocridade que o envolvia. Não contentava-se com o mediano, sempre quis ser muito além do que a sociedade lhe propunha.
Risos altos e alegres. Riam de quê? Seria de mais uma estúpida novela, ou notícia, ou "celebridade" da televisão? Ou riam porque eram felizes? Ou riam de desespero?
Olhou para o chão, mas sua mente divagava pelo ambiente. De todos os "sons" que ouvira, o vento era o que mais lhe agradava, por soar natural. Humanos sempre foram ridículos e barulhentos, pensou.
Era também ridículo e barulhento? Cresceu fugindo do padrão. Era também "humano"?
Seus olhos desfocaram por um momento, observou as ruas da cidade. Prédios imensos cortavam o céu que já não era mais azul. Pessoas corriam de um lado para outro, desesperadas por algo que nem elas mesmo sabiam. Era ridículo e seria até cômico, se não fosse triste.
Superficial. Era assim que definia aquele mundo. O "seu" mundo era de diversas cores. Não tinha forma, nem pessoas desesperadas, nem prédios cortando céu, não havia nem céu! O "seu" mundo era melhor, então por que fora obrigado a viver neste, tão cinza e superficial?
Choraria se pudesse. Choraria se sentisse que suas lágrimas valeriam a pena por aquela humanidade estupidamente humana!
Sentia-se mais humano que qualquer um à sua volta. "Tão acostumados ao automático, tão superficiais... vivem como máquinas, mas são humanos!", riu. Tudo era tão patético.
Olhou para o céu e sentiu tristeza. De que adiantaria pensar tanto se suas ideias ficariam pra sempre dentro de si? Por que se preocupava tanto com os sentimentos humanos? Por que fora nascer justamente um?!
Olhou para além das ruas, calçadas, janelas, vitrines. Olhou para tudo e riu de tristeza. Era assim que o mundo lhe apresentara: patético, superficial e solitário...

O menino que só tinha olhos

A criação

Apenas olhos bastavam. Pra que boca, ou nariz, ou ouvidos? Nada disso expressava melhor o sentimento humano que os olhos.
Apenas olhos bastavam. Mas por que surgiram esses outros meios de expressão?
Deus estava errado, pensou. Traria perfeição à sua criação.
Pra que boca, nariz, ouvidos? Tudo isso era uma grande besteira.
Olhos, apenas olhos bastavam.
Seria uma dádiva, pois ninguém seria obrigado a ouvir besteiras alheias. Seria perfeito, pois ninguém escutaria palavras que pudessem ferir. E o melhor de tudo era anular o "poder da fala". A fala possuía um poder destrutivo em sua opinião. Era o maior erro permitir que essa criação estúpida tivesse o "dom" da fala.
Não, humanos não mereciam falar, nem ouvir. Humanos só mereciam enxergar a dor que causam nos outros. Humanos só deviam ver o mal que fazem à si próprios.
Malditos humanos.
Finalizou os olhos e o cabelo que caía sobre eles. Ficara um boneco bonito. Olhos agradáveis, de quem era apto a observar.
Sorriu. Sua criação sublimava a de Deus.
Talvez fosse um deus.
Sorriu e beijou a testa do boneco deixando uma lágrima cair em seu rosto recém-feito. E sentiu amor, dor e compaixão, pois sabia que tinha criado um ser humano. Sabia que este, mais do que qualquer outro, choraria, pois só tinha olhos.
Sentiu-se o próprio diabo. E chorou.

domingo, 17 de junho de 2012

Mais uma daquelas histórias de televisão


Uma explosão foi o que aconteceu. As luzes apagaram e acenderam, e apagaram novamente. Logo mais o desespero, e pessoas, e vozes, e confusão, e desespero outra vez.
-O que aconteceu? - perguntavam todos, desnorteados.
O cenário foi auto-explicativo. Era só mais uma daquelas reportagens de televisão: "Acidente de carro em madrugada de sábado para domingo", típico.
-Você está bem?
Obviamente não. Mas não era apenas o corpo, a alma também implorava por socorro. Aquele vazio enorme que abrira em seu peito, e todos os questionamentos morais de seus pais, e a responsabilidade e o peso de ser 'adulto', lhe gritavam na consciência. Queria esconder-se e fugir, mas estava fraco. Queria chorar mas o peito doía.
-Calma, você vai ficar bem. Vou ligar para os seus pais. Daqui a pouco a ambulância chega.
Eram 5h da manhã mas a rua estava cheia e movimentada. Carros não paravam de passar, e corriam independente do acidente. Carros desesperados por sua garagem, tais como este.
Sangue e lágrimas juntavam-se numa composição única de medo e aflição.
-Por que eu? Por que comigo?
Os pais chegaram. A ambulância chegou. Os policiais chegaram. Quase ao mesmo tempo, quase como se tivessem combinado previamente.
-Filho, você está bem?
-Me desculpa mãe, me desculpa...
-Tudo bem, acontece. Não chora. Vai ficar tudo bem.
Um homem observava a carcaça do carro chocado contra o poste. Seu olhar era de desaprovação.
-Por favor, dêem licença pra gente poder colocar ele na maca. - pediu um enfermeiro.
Frio. A noite soprava um vento gelado sem piedade.
Eram 6h da manhã. As formalidades já tinham sido cumpridas. A ambulância partiu levando garoto e mãe.
-Pra esse garoto saiu de graça. - comentou um policial.
O pai permaneceu mais 10 minutos resolvendo os assuntos "pendentes" e materiais.
Pai e polícia partiram.
Só sobrou a calçada ensanguentada, a carcaça do carro, o poste ainda firme no chão, os espectadores indo embora.
Era só mais uma daquelas histórias de televisão.

Datas

18 de junho de 2012.

Supostamente nada deveria acontecer. E nada aconteceu.
Olhou o relógio umas cinco vezes. Olhava automaticamente, quase esquecendo de ver o horário. Isso não era importante.
À sua volta só a neblina fria da noite, mas nem isso lhe incomodava. Os trilhos do trem escondiam ninhos e talvez até mesmo reinos inteiros de diferentes espécies de "pragas urbanas". Eram mais felizes que aquelas pessoas todas que iam e vinham de estação em estação, desesperadas pra chegar a algum lugar? Talvez o fossem.
"Viver do lixo humano". Riu, pois essa era uma afirmação ridícula e irônica. "Humanos que viviam de lixo humano", isso fazia mais sentido. Eram tão "pragas" quanto aquelas que viviam nos trilhos do trem. E talvez por ter consciência disso soava muito mais triste e desolador.
O vento parecia soprar cada vez mais forte a medida que a noite caía. E seus pensamentos, cada vez mais tolos, desvaneciam-se em uma imaginação fértil e abstrata.

Aí estão os ratos a percorrer os trilhos do trem. Estarão em busca de comida? Ou abrigo? Ou estão se divertindo?
Cá estão eles. Será que sentem frio? Será que sentem medo?

Uma corrente forte de ar o fez voltar à realidade. Olhou ao longo dos trilhos, era o trem que chegava. Olhou para os ratos que até então corriam com liberdade por entre o ferro e as pedras. O trem parou à sua frente.

Será que foram esmagados? Será que se refugiaram em algum lugar? Huh...! De que me importa? São apenas ratos.

Pela janela do trem observou os prédios que cortavam o céu da cidade, os milhares de automóveis que saturavam as ruas e avenidas, as pessoas que corriam desesperadas para algum lugar, mendigos caminhando trôpegos, solitários e invisíveis ao mundo,  e sorriu.

Definitivamente, somos ratos que vivem em enormes trilhos pessoais. O quão tolo isso soa? Huh! De que me importa? Somos apenas humanos.

Pinóquio

Suas mãos tremiam, mas não era só de frio. Sentia aquele sentimento negro percorrer-lhe as veias, fazia parte de seu sangue agora.
Seus olhos ardiam, as lágrimas lutavam para sair, mas sua mente não permitiria. Chorar não era digno.
Ainda que fosse mais um medíocre ser humano, ainda que seus sonhos e ambições não passassem de besteiras e infantilidades, ainda que o mundo lhe oprimisse por sua excentricidade, de que valeria se importar?
A dor já lhe fora o suficiente. Agora bastava se acalmar, reformular seus planos, reconstruir sua mente.
Lembrou-se do que ela disse: "E o medo? E a angústia da solidão?". Soltou uma gargalhada rouca. Não era um riso alegre, tampouco triste... era só desespero. Eterno e profundo desespero.
O que podia fazer? Se entregar àquela luta sem fundamentos por uma consideração vaga e superficial? Não era tão forte quanto parecia. Sua alma padecia ao menor dos obstáculos.
Precisava crescer, sim, ele o sabia. Precisava encarar o mundo com seus olhos de "adulto". Mas o que era ser adulto afinal? Ser adulto era enfrentar o mundo com orgulho e desprezo? Era ignorar a dor alheia para impor sua própria? Ser adulto era se esquecer de seus sonhos de infância? Era fingir que eles nunca existiram?
Era tão humano quanto pudera ser, e talvez por isso o chamavam de "idealista", "sonhador".
Pobre menino imaginário que se tornara. Pobre garoto de madeira obrigado a permanecer na "realidade"...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Reflexos

Quando se olhou no espelho era seu reflexo que sorria. Ou seria mais uma de suas máscaras?
Sempre tudo era tão intimamente sobre si mesmo que qualquer bobagem alheia que lhe viesse à tona faria parte de sua própria essência.
Puramente egoísta.
O pior era o conhecimento. Conhecer sua personalidade e  não conseguir mudá-la para melhor. Talvez por medo de errar, talvez por simplesmente gostar de ser assim.
Olhava o espelho e não sabia se era medo ou ódio o que sentia por aquele reflexo distorcido que lhe sorria amargamente.
Então era assim que se mostrava aos olhos de outros? Era dessa forma grotesca e triste que se apresentava? Um simples sorriso seco, amargo, totalmente vazio de sentimentos e piedade.
Sim, não se orgulhava da angústia. Mas sua falta de piedade era seu "toque especial", a crueldade implícita de sua alma corrompida.
Sorriu ainda mais ao se lembrar desse fato, e se sentiu bem. Nenhuma outra face lhe agradaria senão seu próprio desprezo. Afinal, o mundo não merecia sua estima.
Quando se olhou no espelho era seu reflexo que chorava, mas pouco se importou...

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Conto da madrugada

Ela voltara a sonhar. Era tão tola quanto sempre fora. Era tão inocente e tão fraca...
Qual amor que sentira que não fora tão decepcionante quanto sempre? Quantos amores deveria ter para enfim se dar conta de sua plena solidão?
Ah! Como queria trazer seus pedaços estilhaçados do que um dia chamara de coração, como queria deixar escapar ao vento o pó que se tornara, como cinzas de um defunto qualquer...
Ela voltara a sonhar, mas errara. E seu erro era tão tolo quanto outro qualquer que tivesse cometido. O amor da humanidade é uma mentira, assim diria o poeta. E a verdade tão dolorosa quanto a fantasia...
O que era pior? Viver esperando ou esperar vivendo? A espera sempre fora triste.
Erros e erros, quantos foram? Quantos mais haveriam de ser? Por quanto tempo mais poderia aguentar aquele vazio indisposto dentro de sua alma? Por quanto tempo viveria se encobrindo com uma frágil cúpula em volta de si mesma?
Medos e medos, era só o que sentia. Medo do amor, medo da solidão, medo de si, medo do mundo...
Ela voltara a sonhar, mas talvez nunca tivesse parado.
Pobre garota solitária...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Móveis

Aquela mesa nunca poderia ser mais compreensível que agora. Fato engraçado, talvez até bobo demais. Afinal, o que de especial haveria naquela pedra fria?
A frieza, firme e clara. Como uma pedra. Sua única justificativa.

Conto vespertino

Ela acordou e pensou: "Por que tantos elas?". Ela levantou sem mais, não sabia o que fazer, não sabia se devia dever o que não devia. Tão confusa e cheia de sentimentos...
Ela era assim, sempre fora. Um tanto ela mesma, outro tanto um pouco perdida.
Seu silêncio era um constante desperdício, sua revolta era tão intensa, mas tão interna quanto, que, a qualquer momento poderia explodir. Não havia razão...nunca houvera.
E se o espelho lhe mostrasse qual caminho seguir? E se o espelho fosse seu único caminho?
Achar um erro em si não era difícil. O difícil era corrigir-se, esforçar-se para nunca errar. Talvez mais possível que pudesse achar, o impossível era tão viável quanto. E assim sua mente permanecia envolta de problemas corriqueiros, tão minimalistas quanto qualquer ruído que pudera ouvir...
Mas ela não ligava para a solidão. A garota era só, e ela escolheu se esquivar de toda a sorte da investida de quem quer que fosse. Ou talvez só fingisse não se importar. E todo aquele medo que escondera era só pra estar tão protegida quanto haveria de estar...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Conto noturno

Ela levantou repentinamente, como se houvesse algo que a despertasse como um forte desejo de fuga. Mas fugir para onde? pensava desconsolada, não sabia por que tais ideias brotaram tão desesperadas em sua alma. Não, talvez ela não quisesse pensar tanto, talvez ela só quisesse deitar novamente e dormir, e sonhar aqueles belos, vagos, estúpidos sonhos.
Encostou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos com força. E a vontade de estar era tanta, que logo, imagens, vídeos, músicas, tudo passava por seus olhos famigerados por solidão. Não era o que queria ouvir, ou escutar, nem tampouco era o que queria ver. Mas simplesmente não conseguia, não podia deixar de se atar à todas aquelas informações, à toda sua vida. Queria acordar, mas não queria. Talvez correr, talvez fugir, talvez chorar. Mas além de toda a confusão de sentimentos, queria também estar, permanecer eternamente naquele antiquário de lembranças. Nunca esquecer, nunca se afastar.
Ah... horas ingratas. Por que passavam tão rápido em momentos oportunos? Por que fatigavam a alma durante a noite para cansar o corpo durante o dia?
Ela não levantou, mas estava acordada.