sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Conto noturno

Ela levantou repentinamente, como se houvesse algo que a despertasse como um forte desejo de fuga. Mas fugir para onde? pensava desconsolada, não sabia por que tais ideias brotaram tão desesperadas em sua alma. Não, talvez ela não quisesse pensar tanto, talvez ela só quisesse deitar novamente e dormir, e sonhar aqueles belos, vagos, estúpidos sonhos.
Encostou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos com força. E a vontade de estar era tanta, que logo, imagens, vídeos, músicas, tudo passava por seus olhos famigerados por solidão. Não era o que queria ouvir, ou escutar, nem tampouco era o que queria ver. Mas simplesmente não conseguia, não podia deixar de se atar à todas aquelas informações, à toda sua vida. Queria acordar, mas não queria. Talvez correr, talvez fugir, talvez chorar. Mas além de toda a confusão de sentimentos, queria também estar, permanecer eternamente naquele antiquário de lembranças. Nunca esquecer, nunca se afastar.
Ah... horas ingratas. Por que passavam tão rápido em momentos oportunos? Por que fatigavam a alma durante a noite para cansar o corpo durante o dia?
Ela não levantou, mas estava acordada.